sábado, 19 de dezembro de 2015

Na Calçada da Tapada

Como já referi, em relação à minha ida para a escola da Calçada da Tapada, as expectativas de alguns elementos do corpo docente eram muito grandes, influenciados pelo que a Rosinda lhes tinha dito, esperavam que fosse feito um trabalho de articulação entre os dois níveis de ensino, o que não se tinha verificado nos anos anteriores.

Mas uma coisa tinha sido o trabalho na Voz do Operário da Ajuda, uma escola muito pequena, e outra coisa era o trabalho que me esperava, numa escola pública de grande dimensão...

Em Setembro de 1989 lá me apresentei ao serviço. Eu e a colega Custódia Guerreiro.

Muito bem recebidas, gostámos do ambiente daqueles primeiros dias, ainda sem crianças, íamos tentando perceber como as coisas iriam funcionar, organizar as salas, ver as crianças inscritas e a sua divisão pelos grupos, enfim os aspectos normais de um início de ano.

Mas quando as crianças entraram, confesso que tivemos um grande choque. Nenhuma de nós tinha trabalhado num sítio com tantas crianças. Nesse ano funcionavam 18 salas do 1º ciclo.

Também nos parecia que havia crianças muito crescidas, o que se verificava, pois nesse ano ainda funcionavam mais quatro classes de ensino especial, com alunos com graves problemas de aprendizagem.

A população escolar era muito homogénea, as crianças na sua maioria residiam nas zonas mais desfavorecidas da freguesia: o Pátio do Cabrinha, a Vila Teixeira, a rua da Cruz...

Era na altura um quadro de miséria extrema.

Tudo isto aliado ao dinamismo de uma parte do corpo docente, que ultrapassando barreiras legais, tinha implementado um esboço de "Tempos Livres" e um incipiente serviço de refeições.

Para quem como nós, não estava habituada aquele desassossego, foi duro!

Lembro-me até de um dia termos chorado as duas, pensando que não íamos dar conta do recado.

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