segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

Conversar é Falar Sobre o Mundo Que Nos Cerca

Eu já lhes tinha dito que esta experiência de alfabetização, foi e é uma grande aventura!

Na maior parte das alunas:
- O domínio da língua portuguesa é reduzido;
- A percepção do código escrito é inexistente;
- A escrita existente no “meio envolvente” é ignorada;
- A isto acrescentamos a pouca visão que algumas apresentam, a falta de óculos ou óculos desadequados...

E complicação das complicações:
- Tiveram filhos e netos que andaram na escola, que aprenderam o AEIOU, que tiveram manuais, que fizeram cópias.

Para elas a escola é isso!


terça-feira, 15 de novembro de 2016

As Minhas Senhoras

Quando penso nas senhoras/alunas, há uma cantiga que me vem ao pensamento embora não tenha nada a ver com elas. É a “Valsinha” do Chico Buarque. Quando as vejo chegar, a cantiga parece soar aos meus ouvidos: 

“Então ela se fez bonita
Como há muito tempo não queria ousar
Com seu vestido (…)
Cheirando a guardado de tanto esperar (...)

E isto porque é domingo e porque há “escola”.

E a escola é tão importante para elas que se aperaltam todas!
São quinze. A maior parte delas são pontuais, mas não assíduas. A assiduidade muitas vezes é condicionada pelos turnos de trabalho em empresas de limpeza.

Motivações diferentes as trouxeram à “escola”: Fomos a pouco e pouco conhecendo infâncias a ajudar a família, ou as escolas longe, que impediram uma escolaridade com sucesso. O pouco que aprenderam foi sendo esquecido. 



sábado, 29 de outubro de 2016

Recomeçar

Pensei que já não tinha muito mais para lhes contar sobre a escrita e a leitura, mas se calhar continuo a ter.

Desde o passado ano lectivo que comecei a fazer alfabetização de adultos, e desde essa altura que me apeteceu contar-lhes alguns aspectos dessa aventura, sim porque de uma aventura se tratou e vai continuar a tratar. Mas, no entanto, parecia que alguma coisa me travava. Eu sei o que era e penso que vocês também vão perceber.

No entanto, como:
- Me apetece escrever;
- Tenho material que encaixa bem no tema “A Escrita na Vida de Uma Educadora”;
- Cá vai outra vez!

E a partir de agora, essa aventura vai passar a estar neste blogue.

Mas como é preciso começar por algum lado, vou-lhes contar como a “coisa” se passou...

 

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

Para Acabar

A vantagem deste tipo de histórias, é que acabam quando o autor decide:
- Acabou, ponto final.

 E esta acaba aqui.

Foi com a consciência presente do passado, que seleccionei os documentos que estão neste escrito. Escrito que eu pretendia sobre a Aprendizagem da Escrita e da Leitura, mas por onde, aqui e ali, também passa, em linhas muito gerais, um pouco da “História da Educação”, e das mudanças que foram ocorrendo ao longo do meu percurso profissional.

Nesta história, aconteceram mudanças de ambiente familiar, social e político.

Assistimos à queda de um regime, alegrámo-nos com o 25 de Abril, brindámos à mudança do século.

Mudou tudo nesta nossa sociedade.

No entanto, vendo os meus alunos do Curso de Educação e Formação, e o estado em que os encontrei, não posso deixar de relembrar a questão inicial:

- O que mudou na escola e no ensino?





terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

Num Curso de Educação e Formação

Sabem o que são CEF’s?
Eu também não sabia, até a minha amiga Olívia me telefonar, a saber se estava interessada em ir “dar umas aulas” numa Escola Profissional em Lisboa, num Curso de Acompanhantes de Crianças.

Como gosto de desafios, e apesar de a minha situação de reformada não deixar de ser interessante, permitindo-me fazer uma série de actividades que por falta de tempo, organização, ou cansaço extremo nunca tinha conseguido fazer, aceitei. Seguindo os trâmites normais, fui a uma entrevista, entreguei o currículo. Explicaram-me o que era um CEF de Acompanhante de crianças: “Curso de Educação e Formação, que visa dar uma dupla certificação a alunos em grave risco de exclusão escolar. Esses cursos, para além da equivalência ao 9º ano de escolaridade, dão também um certificado profissional”.


quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

A Escrita Para os Pais

Estive três anos destacada no DEB (Departamento da Educação Básica) onde fui integrada numa equipa fantástica de educadoras “tutelada” (desculpem mas vou tirar os títulos de “Doutoras”) pela Teresa Vasconcelos, Miquelina Saraiva Lobo e Isabel Lopes da Silva. Essa equipa trabalhou exaustivamente no processo de elaboração e divulgação das Orientações Curriculares para a Educação Pré Escolar.

Quando regressei ao Jardim de Infância, vinha mais fortalecida na teoria, mais exigente e insegura na prática!

Como já descrevi, a abertura da Escola ao Meio e a participação dos Encarregados de Educação na comunidade escolar, foi sempre uma das minhas preocupações.

No entanto, apesar de considerar que as estratégias desenvolvidas desde há já alguns anos foram positivas, o facto de vir com a “pica” toda para implementar as Orientações Curriculares, fez com que a minha postura em relação à ligação/participação com as famílias, tivesse evoluído.

Já não me chegava  só a participação dos pais nas reuniões, festas e convívios, senti que cada vez era mais importante dar-lhes conhecimento do trabalho realizado no Jardim de Infância, pois esse conhecimento, tal como é expresso nas Orientações Curriculares "Permite aos pais criar maior confiança no contexto da educação Pré-Escolar, também, por vezes, para eles desconhecido."

Assim, com a intenção de dar a conhecer o que se faz no Jardim de Infância, elaborámos, uma pequena brochura que intitulámos "O Livro dos Pais".


Esta foi a nossa primeira estratégia de utilizar a escrita para estabelecer outro tipo de ligação com as famílias. Considerámos que foi positiva. No Ano seguinte, a brochura foi reeditada com a mesma aceitação. 

Querendo continuar a implementar uma estratégia sistemática de ligação escrita com as famílias, na brochura vinha expressa a nossa intenção de elaborar um Jornal Escolar. Restava-nos delinear que tipo de jornal queríamos “editar”.


quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

Na Calçada da Tapada /2)

Bem, cá estou de novo depois deste interregno natalício.


Não lhes vou esconder que o Jardim de Infância da Calçada da Tapada me tem dado que pensar. Tantos anos lá e tantas dificuldades em escolher o que escrever.

Isto, porque foram muitos anos, mas com algumas interrupções pelo meio.

E depois de cada interrupção o recomeço era mais difícil para mim. Estava mais velha, tinha havido alterações, as expectativas que as pessoas punham em mim eram cada vez mais altas e inconscientemente tinha receio de não conseguir corresponder. Também perdia o treino, até de registar

Então o que relatar? Pensei, pensei e fez-se luz. Já não é mau!

Mas antes desse relato, e depois do texto sobre o MEM, apetece-me dizer algumas coisas, do muito que tenho informalmente ouvido sobre o “Movimento”: