Há uns tempos atrás, no jornal “Dica da Semana” do LIDL, li uma notícia sobre uma nova Associação que se iria chamar “Arquivo de Diários”. Vi que tinha uma parceria com a Biblioteca de S. Lázaro, em Lisboa, e se propunha, entre outras coisas, preservar diários e documentos de pessoas comuns.
Para incentivar esse desígnio, lançaram o concurso “Conta-nos e Conta Connosco”, em que como se podia ler no cartaz “Diários; cartas e todo o tipo de material escrito de carácter autobiográfico podem tornar-se um livro”.
Fiquei entusiasmada, e pensei - Vou concorrer! Li o que pediam, e dediquei-me a seguir os tramites indicados. Imprimi o blogue, fiz uma cópia em “suporte informático”. No dia em que acabava o concurso, um dia de frio e chuva torrencial, meti pés a caminho e lá fui eu entregar a minha obra “literária”.
Lá ler o Regulamento do Concurso eu li, só que havia uma frase que ignorei: “Não serão admitidas a concurso obras já difundidas através de outros canais, como a internet”. Como me foi dito que havia mais concorrentes com o mesmo problema, achei que ainda havia esperança. Acabei com o blogue e, fiquei à espera do dia 16 de outubro, dia em que saiam os resultados.
Conclusão: nesse dia soube que não tinha sido admitida a concurso. Foi o chamado "Grande Melão"
Mas enquanto esperava pelos resultados, setembro voltou e com ele, um novo ano lectivo. As escolas abriram, as colegas educadoras e professoras começaram a publicar e a partilhar notícias das suas salas… e eu, a reformada, com tempo, e vontade de escrever, para aqui à espera do nada…
Lá vontade de escrever eu tinha, no entanto, este grande interregno parecia que me tinha bloqueado! Escrever o quê? Poemas? Contos? Não tenho verve… Mais recordações do meu tempo de Escola? Chegou…
Também pensei que já não tinha muito mais para lhes contar sobre a escrita e a leitura, mas se calhar continuo a ter.
Desde o passado ano lectivo que comecei a fazer alfabetização de adultos, e desde essa altura que me apeteceu contar-lhes alguns aspectos dessa aventura, sim porque de uma aventura se tratou e vai continuar a tratar. Mas, no entanto, parecia que alguma coisa me travava. Eu sei o que era e penso que vocês também vão perceber.
No entanto, como:
- Me apetece escrever;
- Tenho material que encaixa bem no tema “A Escrita na Vida de Uma Educadora”;
- Cá vai outra vez!
E a partir de agora, essa aventura vai passar a estar neste blogue.
Mas como é preciso começar por algum lado, vou-lhes contar como a “coisa” se passou:
Andava eu um dia a passear num Centro Comercial perto de casa, quando encontro a Cristina. Fiquei contente, a Cristina é uma amiga que já conheço há muitos anos. De origem Cabo Verdiana cresceu e viveu num bairro aqui em S. Domingos de Rana, daqueles que agora são considerados “problemáticos” ...
Quando a conheci andava ela no 12º ano, e trabalhava no “Pingo Doce”. A trabalhar entrou para Sociologia. A trabalhar e a estudar fez o “Erasmo” em Barcelona. A trabalhar fez a Licenciatura, o Mestrado, o Doutoramento. É uma força da natureza, determinada, alegre, comunicativa.
Para além de gostar dela, admiro-a!
Depois de contentes nos abraçarmos, ela perguntou o que eu fazia, interrogando-me sobre se fazia algum tipo de voluntariado.
Lá lhe disse que até então não tinha estado para aí virada, porque ainda não tinha encontrado nada que me satisfizesse.
- Um dia destes telefono. Sei de uma “coisa” que vai mesmo com a tua cara! É na “Kutuca”, sabes o que é?
- Sei, é a Associação do teu bairro, só ainda não conheço o espaço, mas votei nela no Orçamento Participativo de Cascais.
“Acerca da Kutuca”
"A KUTUCA - Associação Juvenil do Bairro das Faceiras surge formalmente no dia 8 de Março de 2012, embora a sua origem remonte a Abril de 2011, altura em que um grupo de 5 jovens começou a desenvolver voluntariamente actividades de ocupação de tempos livres para as crianças do Bairro.”
“O Bairro das Faceiras, com cerca de 80 fogos, é na sua grande maioria, de construção pré-fabricada e visou inicialmente o acolhimento, a preços reduzidos, de pessoas oriundas das antigas colónias portuguesas em África, mas também provenientes de várias zonas do interior de Portugal. Trata-se, portanto, desde a sua génese de um bairro multicultural, com carências socioeconómicas e situado numa das freguesias mais pobres do concelho: S. Domingos de Rana.
A KUTUCA tem como finalidade a promoção da inclusão social das crianças e jovens do Bairro das Faceiras, seguindo para isso uma estratégia integrada, isto é, directamente orientada para os jovens e crianças do Bairro das Faceiras, mas dentro do possível envolvendo a população em geral, do Bairro e da localidade, e as instituições locais”.
(Dados retirados do FB do Espaço Comunitário do Bairro das Faceiras)
Em 2012 a Associação concorreu ao Orçamento Participativo de Cascais, para a construção do Espaço Comunitário do Bairro.
Em 2014, o espaço foi finalmente inaugurado com uma grande festa
“Grande momento este na vida da KUTUCA e do Bairro das Faceiras: a celebração da concretização de um projecto que há muito lutávamos para conseguir. Foi uma grande festa, estamos muito contentes! "
Eu não fui à Festa!
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