Como habitualmente um pequeno texto para reflexão.
Este foi-me enviado pelo meu amigo Pedro.
"Ana Oliveira
Mais uma vez trago-te, para revisitares, um texto antigo.
Desta vez é de Eça de Queirós, nos Maias, um diálogo entre o abade Custódio e Brown, o preceptor de Eduardo da Maia.
Não se trata de saber da atualidade de Eça mas, sobretudo quando hoje se está a enveredar por caminhos na educação de infância como a escolarização precoce, vale a pena ler estes textos.
Questões antigas para as quais se julga dar respostas pseudomodernas, sob a capa de racionalidade e rigor... uma tristeza.
Com amizade
Pedro Nunes da Silva"
Mais uma vez trago-te, para revisitares, um texto antigo.
Desta vez é de Eça de Queirós, nos Maias, um diálogo entre o abade Custódio e Brown, o preceptor de Eduardo da Maia.
Não se trata de saber da atualidade de Eça mas, sobretudo quando hoje se está a enveredar por caminhos na educação de infância como a escolarização precoce, vale a pena ler estes textos.
Questões antigas para as quais se julga dar respostas pseudomodernas, sob a capa de racionalidade e rigor... uma tristeza.
Com amizade
Pedro Nunes da Silva"
“OS
MAIAS” de Eça de Queirós
(Diálogo entre Brown, preceptor de Eduardo
da Maia, e o abade Custódio)
“ -
Deve-se começar pelo latinzinho, deve-se começar por lá… É a base, é a
basezinha!
- Não!
Latim mais tarde! – exclamou o Brown, com um gesto possante. – Primeiro forrça!
Forrça! Músculo…
E
repetiu, duas vezes, agitando os formidáveis punhos:
-
Prrimeiro músculo, músculo!...
Afonso
(da Maia, avô de Eduardo) apoiava-o, gravemente. O Brown estava na verdade. O
latim era um luxo de erudito… Nada mais absurdo que começar a ensinar a uma
criança numa língua morta quem foi Fábio, rei dos Sabinos, o caso dos Cracos, e
outros negócios de uma nação extinta, deixando-o ao mesmo tempo sem saber o que
é a chuva que o molha, como se faz o pão que come, e todas as outras coisas do
universo em que vive…
- Mas
enfim os clássicos – arriscou timidamente o abade.
- Qual
clássicos! O primeiro dever do homem é viver. E para isso é necessário ser são,
e ser forte. Toda a educação consiste nisto: criar saúde, a força e os seus hábitos,
desenvolver exclusivamente o animal, armá-lo de uma grande superioridade
física. Tal qual como se não tivesse alma. A alma vem depois… A alma é outro
luxo. É um luxo de gente grande…
O
abade coçava a cabeça, com ar arrepiado.
- A
instruçãozinha é necessária – disse ele. – Você não acha Vilaça? Que Vossa
Excelência, sr. Afonso da Maia, tem visto mais mundo do que eu…Mas enfim a
instruçãozinha…
- A
instrução para uma criança não é recitar Tityre,
tu patulæ recubans… É saber factos, noções, coisas úteis, coisas práticas… "
Começar pelo LATIM não me parece caminho para obter resultados - acho sim que ALGURES no percurso do ensino da língua, que os 'ESPERTOS' digam quando, uma disciplina onde fosse suavemente ensinada a origem de tantas das nossas palavras, isso seria muito útil (latim, grego,...) - eu sinto essa falta, vindo como vim de instituições onde pouca importância (nenhuma?) se dava à língua. (Escola Industrial de Lourenço Marques/IIL/IIP/ISEP/IST... - uma opinião - cpf.
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